Análise Postural do
Corpo Humano
CONCEITO:
A postura do corpo é compreendida como o arranjo
relativo entre as partes que compõem este corpo.
A BOA postura é aquela que se
caracteriza pelo EQUILÍBRIO entre os
diversos segmentos corporais estruturais (ossos e músculos, de modo geral),
protegendo o organismo contra agressões e deformidades. Na BOA postura,
portanto, as estruturas orgânicas desempenham suas funções de modo eficiente.
Por
conclusão, a MÁ postura pode
ser conceituada como aquela em que há DESEQUILÍBRIO
entre aquelas partes do corpo e também na qual o relacionamento entre as
estruturas é ineficiente, induzindo
o organismo à agressões e lesões diversas, localizadas ou generalizadas.
FATORES QUE INFLUEM NA ADOÇÃO DE
POSTURAS
As
posturas são intercaladas por gestos,
que são adotados para a realização de tarefas. Mas é preciso analisar POR QUE os gestos são adotados pelo
trabalhador, levando-o à adoção desta ou daquela postura. Vários são os fatores
que influem e, até mesmo obrigam o
trabalhador à adoção de posturas inadequadas, levando
seu organismo a agressões e lesões diversas.
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Fatores relacionados à Natureza da Tarefa
Dependendo
do tipo de tarefa, esta é mais voltada à atividade mental ou à atividade
física. Cada atividade implicará na adoção de posturas que correspondem
à natureza.
Exemplos:
A- Um operador de painel que trabalha numa sala de controle de uma
fábrica, sentado, observando dezenas de mostradores, controlando variáveis de
um processo industrial. A atividade é de natureza mental.
B-
Um desenhista que está trabalhando em uma prancheta, executando um desenho
técnico com instrumentos (esquadros, compasso, etc.). A atividade é de natureza
mental, mas implica também em
esforços físicos.
C- Um estivador que trabalha junto a uma correia transportadora de sacos
de café, no cais do porto. Seu trabalho implica em permanente movimentação e
esforço físico.
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Fatores Físicos Ambientais
Compreendem
aqueles relacionados ao ruído, calor,
frio, iluminamento do posto de trabalho, no qual está o trabalhador. As
pessoas nem percebem, mas estes são alguns fatores que implicam na adoção de
posturas. Exemplos a seguir:
A- Um metalúrgico controla a qualidade de peças
produzidas numa linha de montagem e sua movimentação nesta linha, observando
tais peças através de uma pequena abertura existente num tapume que serve de
proteção. O tapume não foi previsto originalmente para a linha de produção, mas
o próprio metalúrgico o colocou
defronte à linha, pois as peças que por ali passam ainda estão incandescentes, irradiando calor em
excesso, que não é suportado pelo organismo humano. O trabalhador acabou
inclinando a cabeça até a altura da abertura existente no tapume, a fim de
obter um ângulo de visão das peças.
B- Um digitador trabalha sentado defronte à uma janela. A claridade vinda
de fora lhe provoca ofuscamento e fadiga visual. O digitador procura desviar o
olhar, mantendo a cervical rígida, para que o monitor de vídeo encubra o clarão
da janela.
janela atrás do micro produz ofuscamento (agente
físico - iluminamento)
-
Fatores Dimensionais
Os fatores dimensionais de um posto de trabalho são os
que mais
influenciam na adoção de posturas e gestos dos trabalhadores.
Referem-se ao tamanho e à localização de alavancas,
botões, pedais, teclados, volantes, tampos de mesas e bancadas, comandos de
máquinas e equipamentos. Também a presença de estruturas, degraus, passagens, influenciam na postura adotada.
Exemplos a seguir:
Operária
trabalha em prensa:
Banqueta
permite que o joelho bata no painel.
Tampa
de proteção faz cotovelo ficar na altura do ombro.
O
encosto não está sendo usado = tensão muscular na
região lombar.
Bancada
de trabalho para estanhar contatos eletromecânicos:
O operário flexiona toda a
coluna para obter alcance dos contatos, pois a bancada é muito baixa
(Estatura do operário = 1,90
m ).
-
Fatores Temporais
São
de grande importância, derivados de atividades desenvolvidas sob pressão de tempo, em função da tensão nervosa à qual o trabalhador se
expõe.
Vamos
imaginar a situação de uma operária numa linha de montagem com esteira: O
controle da velocidade da esteira rolante que corre junto às bancadas de
trabalho não é da operária,
sujeitando-a à velocidade imposta por
sua chefia. Ela sabe muito bem que se a velocidade é aumentada na linha de
montagem, um “recado” está sendo enviado à todas as operárias: “TRABALHEM MAIS RÁPIDO”.
Tal
situação às leva muitas vezes a um descontrole
emocional, pois estão sendo pressionadas a aumentar o ritmo de trabalho. Esta situação costuma fazer com que a
concentração mental das trabalhadoras aumente muito, implicando-as a aproximar
o tronco e a cabeça ao plano de trabalho da bancada, alterando
a postura. É uma tentativa de se ficar “mais perto do trabalho”.
O
TRABALHO NA POSTURA SENTADA - CONCEITOS A SEREM RESPEITADOS:
1)
O ASSENTO: Superfície macia, com revestimento em espuma;
Forração
lisa, perfurada;
Borda frontal
arredondada;
Altura
regulável;
Giratório
(sempre que possível).
2)
O ENCOSTO: Altura regulável;
Inclinável,
conforme movimentos do tronco;
Definição da
inclinação (+ ou - ereto, com trava);
Superfície
macia, com revestimento em espuma;
Forração
lisa, perfurada;
Espaço livre
para a região sacrococigeana.
3) A BASE: Pés
fixos para recepções, salas de aula comuns e auditórios;
Pés com
rodízios para trabalho de escritório e atendimento a público;
Número de
rodízios: cinco (menos que isto, pode desequilibrar e tombar);
Estrutura em
aço com revestimento em tinta epóxi eletrodepositada;
Mecanismos
macios, sem trancos nas travas.
CONCEITO IMPORTANTÍSSIMO:
Nunca projetar um posto de trabalho levando em conta apenas
o assento (cadeira, banqueta, etc.). É importante considerar o assento e a SUPERFÍCIE DE TRABALHO com a
qual o assento está relacionado.
VEJA A ILUSTRAÇÃO 2 A SEGUIR, E PERCEBA A
IMPORTÂNCIA DESTE CONCEITO:
A – Tampo de bancada muito alto, ou cadeira muito baixa.
A postura corporal fica forçada, com braços e ombros elevados e ângulo do joelho acima da linha das nádegas.
B - Tampo de bancada e assento da cadeira na relação adequada, mas se observa a ausência do APOIO PARA OS PÉS, que estão apenas tocando levemente o piso. Esta condição inicia um processo de má circulação sanguínea nas pernas, causando dormência e dores. Os pés devem estar com toda a sola “plantada” no piso.
C – Cadeira muito alta, mantendo uma boa relação entre
ombros e braços e a altura da bancada, mas oferecendo uma péssima condição para as pernas, pois os pés estão “flutuando” no
espaço. A ausência do APOIO PARA OS
PÉS é mais do que evidente, provocando esmagamento da parte inferior
das nádegas e coxas, pressão excessiva na dobra inferior do joelho e falta de
circulação sanguínea até os pés.
MUITO IMPORTANTE:
DE NADA ADIANTARIA ESPECIFICAR UMA CADEIRA COM TODAS AS REGULAGENS,
CONFORTÁVEL, MAS NÃO OFERECER O APOIO
PARA OS PÉS.
Outra
importante consideração refere-se ao assento muito macio, QUE NÃO OFERECE QUASE NENHUMA RESISTÊNCIA. Ocorre que
a face posterior das coxas, quando
encontra-se totalmente apoiada no assento, terá um lento, mas progressivo
esmagamento de tecidos superficiais daquela região, com pressão exercida sobre
os vasos capilares. Tal pressão dificultará a circulação sanguínea e os pés em
breve ficarão “formigando”, mesmo que apoiados.
Também
é importante relatar o que acontece com o assento
duro: Vejamos, como exemplo, o que ocorre com a cadeira de madeira. A superfície, não sendo revestida,
produz uma concentração de pressão sobre a parte inferior da cintura pélvica,
sobre duas tuberosidades
localizadas na base da bacia. É que todo
o peso do corpo que se encontra acima da bacia é concentrado nesta região, apenas
sobre dois pontos, sem que haja uma distribuição da carga sobre uma
superfície uniforme e mais ampla.
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Portanto,
o assento da cadeira não deve ser constituído apenas com uma tábua de madeira,
nem receber um revestimento tipo “almofada de sofá”.
O
ideal é que a estrutura do assento seja em prancha de madeira moldada e
revestida de espuma com uns 05 centímetros de espessura. A borda frontal
deve ser arredondada. O dimensionamento das cadeiras deve, desde 1997,
respeitar ao conteúdo da NBR 13962, da ABNT. O apoio para os pés está previsto
na NBR 13965, que trata de mobiliário para informática. O item que o especifica
é o 4.2.1 apóia-pés.
Agora,
vamos abordar um outro assunto importante:
OS
ALCANCES. Veremos o ALCANCE
MOTOR e o ALCANCE VISUAL e como
os dois se relacionam.
Þ
O ALCANCE MOTOR relaciona-se a tudo
aquilo que precisamos alcançar com as mãos
ou com os pés (alavancas, botões,
chaves, objetos, peças, pedais, etc.).
Þ
O ALCANCE VISUAL relaciona-se a tudo que
devemos ver e que conseguimos interpretar (visores, mostradores, telas, teclados, painéis,
trajetórias, etc.).
Os
dois alcances estão diretamente relacionados, são inseparáveis EM ANÁLISE ERGONÔMICA. A POSTURA
CORPORAL é determinada, muitas vezes, em função da dificuldade de um dos dois alcances. Ou dos dois!
Vejamos um exemplo, o do
antigo caixa de banco.
O caixa de banco costumava trabalhar muito de pé, mesmo tendo à sua
disposição uma banqueta. É que a superfície de trabalho do caixa não se
limitava a um balcão, mas possuía uma gaveta
de grandes proporções, que, para ser aberta, invadia o espaço ocupado pelo
tronco do funcionário, na área do abdômen, caso este ficasse sentado na
banqueta.
Para
ficar sentado, o caixa devia posicionar a banqueta longe do balcão, para dar espaço à gaveta que era aberta
constantemente. Se ficasse afastado, não alcançava o topo do vidro que estava
no fundo e acima do balcão. Assim, preferia ficar de pé, postura na qual
obtinha maior mobilidade em relação ao posto de trabalho.
Neste
exemplo, vimos que há alcance visual,
mas o alcance motor é prejudicado.
Outro fator que chama a atenção na postura é que a funcionária improvisou um
“apoio para os pés” original: um cesto de lixo. Isto se dá pelo fato do aro
circular que está na banqueta não atender às suas necessidades posturais, pois
o aro limita o apoio apenas a uma posição. Se a pessoa quer colocar os pés para
a frente, não pode (ficariam no ar...). Assim, o cesto de lixo virou apoio para
os pés...
ÁREAS DE ALCANCE
Já
que estamos abordando este importante tema, vejamos a Ilustração 4 na
página seguinte, para compreendermos quais as áreas de alcance numa superfície
de trabalho.
Observando
a Ilustração 4 veja que os braços fazem movimentos circulares. Portanto, tudo aquilo que devemos alcançar com as mãos
precisa estar dentro de um envoltório de
alcance que também mantenha a disposição circular.
Assim,
só são aceitas as disposições em formato de semi-círculo e aquilo que mais
utilizamos deve ficar numa área mais próxima e bem à frente do
usuário (alcance motor com o antebraço = área
de alcance ótimo). Já aquilo que não usamos tanto, com freqüência menor,
deve estar um pouco mais longe, com alcance motor de “braço inteiro” = área de alcance máximo.
Área de alcance ótimo (ante-braço) e máximo (braço inteiro).
MUITO IMPORTANTE:
A
ERGONOMIA ACEITA ALGUMAS SITUAÇÕES EM QUE DISPOSITIVOS QUE
DEVEM SER ALCANÇADOS MANUALMENTE ESTEJAM FORA DA ÁREA DE ALCANCE MÁXIMO, DESDE
QUE NÃO SEJAM QUASE USADOS = USO
EVENTUAL.
CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS NA ANÁLISE
POSTURAL ERGONÔMICA:
-
Os alcances não são os únicos fatores a serem observados quando se
analisa um posto de trabalho. Pode-se ter um posto com área de alcance ótimo,
mas com a articulação do punho em ângulo-limite, o que pode desencadear DORT;
-
Igualmente pode-se ter alcance ótimo para as mãos, mas a cervical pode
estar numa péssima posição, com a cabeça flexionada, prejudicando a circulação sanguínea nos músculos cervicais, levando à dor;
-
Outros fatores podem estar presentes, mesmo que o alcance seja ótimo: um
exemplo é o trabalho feito em tampos de mesa, bancada, prancheta, etc. que
apresentam quinas vivas. Tais quinas estrangulam tendões do ante-braço, além de
prejudicar a circulação sanguínea;
-
O alcance visual não se equivale ao alcance motor, quando se trata da
distância muito próxima de um objeto em relação aos olhos. Quanto mais se
aproximar um objeto dos olhos, mais difícil será o seu foco (chama-se
“mecanismo de acomodação”). Uma distância mínima de 40 cm é recomendada para que
a pessoa não desenvolva fadiga visual nos músculos que controlam este
mecanismo. Tais músculos precisam apertar o cristalino, uma lente que está
atrás da íris, que é a responsável pelo foco.
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