Noções Básicas de Anatomia e
Fisiologia Identificação das
Limitações do Organismo Humano
Os
músculos são tecidos que se caracterizam por ampla flexibilidade, por contração
e alongamento de suas células, conhecidas por MIOFIBRILAS. Tais células são
especialistas em retirar energia química proveniente dos alimentos que
ingerimos e transportada pelo sangue, transformando-a em energia mecânica. O
trabalho produzido pelos músculos é possibilitado pela vaso-irrigação que lhes
garante a devida alimentação, mas dentro de determinadas condições.
A
contração dos músculos recebe duas classificações básicas:
· Contração Isotônica ou DINÂMICA: o tamanho do músculo é alterado, mas não há aumento de
tensão em sua parte interna. Exemplo: Fletir o antebraço sobre o braço.
· Contração Isométrica ou ESTÁTICA: ocorre o contrário, ou seja, não é alterado o tamanho do
músculo, mas há um aumento de sua tensão interna. Exemplo: Sustentar uma carga
com a mão, enquanto o braço permanece estendido.
Tal
classificação é muito importante, pois as diferentes contrações implicam num
consumo variável de oxigênio pelo músculo.
Assim,
a contração dinâmica implica em maior consumo de oxigênio, mas
possibilita um fluxo sanguíneo facilitado
aos tecidos musculares, pois neste tipo de contração, há períodos intercalados
de contração e relaxamento dos músculos.
Já
na contração estÁtica, há um aumento de pressão muscular externa sobre
as artérias e vasos capilares, deixando-os parcial ou totalmente fechados, diminuindo muito o fluxo sanguíneo, e sem que haja
relaxamento durante a atividade. Cada fibra muscular aperta a fibra
vizinha, reduzindo, assim, o fluxo (veja a Ilustração 2). Com esta
diminuição do fluxo sanguíneo, a taxa de
oxigênio nos tecidos cai e, ao mesmo tempo, aumenta a taxa de ácido lático, que é responsável por dores musculares. Dependendo do tempo
de duração da contração, para realizar-se a atividade, haverá também a presença
de espasmos
musculares, que prejudicam a precisão dos trabalhos.
Outro
detalhe muito importante relacionado à alimentação dos músculos, seja qualquer
a contração por eles apresentada, refere-se à CARGA HEMODINÂMICA, que é a coluna a ser vencida pelo fluxo
sanguíneo, quando um membro está elevado.
Um
ótimo exemplo é o do braço estendido acima
do nível da cabeça, abduzido sobre o ombro, desenvolvendo alguma atividade
(apertar parafusos com uma chave combinada, muito comum para mecânicos embaixo
de veículos). Com os braços elevados, o fluxo de sangue encontra enorme dificuldade em subir até a extremidade
(ponta das mãos), resultando em dormência no braço.
Pintores abaixo de um ônibus:
Vimos acima, há várias situações que promovem sequelas à saúde dos pintores.
Observe que eles trabalham com o braço acima da linha do ombro e que o pescoço está em extensão.
Pintores abaixo de um ônibus:
Vimos acima, há várias situações que promovem sequelas à saúde dos pintores.
Observe que eles trabalham com o braço acima da linha do ombro e que o pescoço está em extensão.
A postura, sendo estática, faz com que os músculos fiquem tensos todo o
tempo, pois devem sustentar a cabeça na posição “para cima”. Com isto,
acumula-se o ácido lático nas fibras musculares, aparecendo rapidamente dor no
pescoço. Como a postura é mantida por muito tempo, pode surgir uma inflamação
nos músculos envolvidos, conhecida por miosite. Com os braços ocorre o
mesmo.
4)
TENDÕES
São feixes
de fibras formadas de tecido conjuntivo, denso e modelado, vez que tais fibras
encontram-se orientadas em direções bem definidas, de modo a oferecer
resistência alta em relação às forças que atuam sobre o tecido. Os tendões são
estruturas anatômicas VISCO-ELÁSTICAS,
ou seja, possuem certo grau de elasticidade,
mas este é inferior à elasticidade apresentada pelas fibras dos músculos, cuja
capacidade de contração e expansão é muito maior, pois os músculos, como acima
vimos, são abastecidos por sangue, o que não
se dá com os tendões.
Uma das
características mais importantes dos tendões, em fisiologia, refere-se ao TEMPO DE REPOUSO necessário para que o
tecido que os forma consiga retornar ao seu estado natural. Quando se
sobrecarrega um tendão, solicitando-o em demasia, o mesmo tende a sofrer
lesões nas fibras do tecido conjuntivo, pois o limite de elasticidade é
facilmente ultrapassado.
Tal problema
é grave na medida em que um tendão lesionado possui recuperação bastante lenta, pois são estruturas que recebem alimentação indireta (se alimentam de
substâncias nutritivas presentes em tecidos
vizinhos, este últimos, vasoirrigados).
Portanto, se
compararmos a alimentação de um músculo
com a de um tendão, veremos
que o primeiro, além de se alimentar muito bem, tem um ótimo sistema de remoção
de resíduos metabólicos, pois o sangue que volta ao coração carrega várias
impurezas.
Já o tendão,
que não apresenta boa alimentação, também não tem um bom sistema de remoção de
resíduos, ou seja, se um músculo apresentar uma inflamação, a recuperação será
rápida (em dias) e se um
tendão apresentar inflamação, a recuperação levará meses.
Os tendões
são responsáveis pela transmissão de forças atuantes nos músculos, conferindo
movimento aos segmentos corporais, pois servem de elemento de ligação entre o
corpo central do músculo e os ossos.
Determinados
grupos musculares, como os que atuam nos membros superiores e inferiores,
possuem feixes de tendões que se movimentam dentro de bainhas (túneis),
conhecidas por BAINHAS SINOVIAIS.
Veja a Ilustração 3:
5)
DOENÇAS ENVOLVENDO MÚSCULOS, TENDÕES E NERVOS - DORT
Dezenas de doenças podem acometer músculos, tendões
e nervos dos membros superiores e inferiores, bem como a região do pescoço. Até
1.998 eram conhecidas como LER – Lesões por Esforços Repetitivos, mas tal designação era, de
fato errada, pois considerava, pelo nome, que as lesões seriam derivadas exclusivamente
do fato da pessoa desenvolver atividades repetitivas. O que se descobriu depois
é que existem muitos outros fatores que levam a tais tipos de lesões.
Assim, a partir da publicação da Ordem de Serviço
606 do MPAS, a designação foi mudada para DORT – Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho. Esta designação, por sinal, indica que a lesão, para que seja
reconhecida, deve ter nexo ocupacional. Tal designação não impede, contudo, que
o trabalhador, mesmo que sofra fatores externos ao trabalho, como a prática de
esportes (que também pode provocar lesões), não tenha no ambiente de trabalho,
situações em que também esteja sofrendo riscos que levem ao desenvolvimento de
lesões.
CONCEITO:
Traumas ou LESÕES PROVOCADAS POR POSTURAS
INADEQUADAS E ESFORÇOS EXCESSIVOS SOBRE MÚSCULOS, TENDÕES E NERVOS, QUE SE MANIFESTAM PRINCIPALMENTE NAS MÃOS,
BRAÇOS, OMBROS E PESCOÇO.
Quatro são os PRINCIPAIS FATORES DE RISCO que levam
às lesões:
1 - POSTURA INADEQUADA (com ângulo-limite);
2 - FORÇA EXCESSIVA APLICADA NUMA REGIÃO DO CORPO;
3 - REPETITIVIDADE (fazer uma só coisa e muitas vezes);
4 - COMPRESSÃO DE TECIDOS NUM PONTO DO CORPO.
1 - POSTURA INADEQUADA (com ângulo-limite);
2 - FORÇA EXCESSIVA APLICADA NUMA REGIÃO DO CORPO;
3 - REPETITIVIDADE (fazer uma só coisa e muitas vezes);
4 - COMPRESSÃO DE TECIDOS NUM PONTO DO CORPO.
1 - POSTURA INADEQUADA (com
ângulo-limite)
Diversas situações de
trabalho implicam em posturas inadequadas, com desequilíbrio do corpo ou de uma
parte do corpo, principalmente nas articulações. Toda articulação tem o que
chamamos de ângulo neutro, ângulo de conforto e de ângulo-limite.
Vejamos a Ilustração 4, a seguir:
FLEXÃO NEUTRO EXTENDÕES
DESVIO RADIAL NEUTRO
DESVIO ULNAR
Nas ilustrações, vemos que as mãos que aparecem na coluna do meio, em “NEUTRO”, não apresentam angulação em relação ao antebraço. Em “FLEXÃO” e em “EXTENSÃO”, observamos que a mão chegou a um limite a partir do qual não consegue mais prosseguir. Para o desvio “RADIAL” e “ULNAR”, acontece o mesmo. O ângulo de conforto é um ângulo que se localiza entre o neutro e o limite.
Pois
bem, estes limites determinam o que chamamos de “ângulo-limite” de uma articulação e toda vez que isto acontece, os
tendões da região ficam estrangulados (contra estruturas ósseas da área) e
passam a sofrer atrito. O
resultado final disto é uma inflamação, que pode limitar-se ao tendão, ou também atingir o tendão + a bainha sinovial que o
recobre.
Acrescente-se
que a força muscular obtida de uma articulação diminui à
medida em que o aumenta-se o ângulo da mesma. Em ângulo neutro, a força é
de 100%. Em extensão, consegue-se apenas 75% de força na articulação do punho
e, em flexão, apenas 45%. Se houver contração muscular estática, a força no
membro cai para apenas 60%.
Quando é apenas o tendão que se inflama, temos a TENDINITE. Quando, além do tendão, também se inflama a bainha sinovial, temos a TENOSSINOVITE.
Um
exemplo de tarefa executada com ângulo-limite é visto um
Torneiro Mecânico está dando acabamento em peças, usando uma lixa acoplada a um pedaço
de madeira.
Observe
que o cotovelo está acima da linha do ombro; a articulação do punho esquerda
está em desvio radial e o dedo polegar está totalmente abduzido,
enquanto faz pressão sobre a madeira. Esta postura pode resultar numa
doença chamada Doença de De Quervain, inflamação nos dois tendões
que correm numa única bainha sinovial do polegar.
2 - FORÇA EXCESSIVA APLICADA NUMA REGIÃO
DO CORPO
Para
piorar, se a mão estiver aplicando força
sobre uma ferramenta, por exemplo, ou na torção de roupas, além de
estrangularmos os tendões, estaremos fazendo muita força, o que aumenta muito o
consumo de oxigênio nos tecidos da região e também pressiona tendões e nervos
contra ossos (problema que já vimos na situação anterior).
O
uso constante de ferramentas manuais, pneumáticas e/ou elétricas, como
chaves-de-fenda, raspadeiras, lixadeiras, rebitadeiras, leva ao mesmo resultado,
com inflamação e dor da região. Na Foto 02, acima, vimos que o Torneiro
fazia pressão com o polegar de encontro à madeira.
3 - REPETITIVIDADE (fazer uma só coisa e
muitas vezes)
Além
das posturas inadequadas, temos um agravante: fazer isto durante muitas horas e muitas vezes. Claro está
que se os nervos, tendões e músculos ficarem pressionados e estrangulados por
horas a fio, pelo fato da pessoa fazer só
uma coisa o dia todo, o problema será agravado. Quando a repetitividade é
um problema isolado, a lesão também pode se manifestar (ou seja, sem postura
inadequada e sem o uso da força), mas isto é raro de acontecer, pois
normalmente um posto de trabalho apresenta de dois a quatro diferentes riscos
para o aparecimento de DORT.
Para
se saber se um posto de trabalho apresenta ou não repetitividade, basta saber
se um ciclo da tarefa é completado em até 30 segundos. Exemplo: os
digitadores.
4 - COMPRESSÃO DE TECIDOS NUM PONTO DO
CORPO
O
exemplo da chave-de-fenda é muito bom, pois a palma da mão terá os tecidos
(tendões, músculos e nervos) da área onde o cabo da ferramenta fica
pressionando esmagados, sem
circulação sanguínea. O uso de tesouras, gatilhos, travas, alicates (como na Ilustração
6 abaixo), se prolongado por horas, resultará neste tipo de problema.
Observe que a ilustração demonstra que a articulação está em ângulo-limite.
Além
dos quatro principais fatores de risco, podem ser encontrados outros fatores
que tornam o aparecimento das lesões facilitado:
HORAS EXTRAS E DOBRAS DE TURNO - a exposição ocupacional aos fatores críticos
listados anteriormente é acentuada quanto
maior for o tempo de exposição a tais fatores. Se na jornada de trabalho
normal já se verificam casos de lesões, o que não dizer em relação a uma
sobrejornada?
VIBRAÇÃO - diversas ferramentas de trabalho são pneumáticas,
como marteletes, esmeriladeiras, entre outras. A vibração produzida quando do
uso de tais ferramentas acentua os outros fatores, principalmente se
considerarmos a dificuldade do fluxo sanguíneo naquela região localizada do corpo (a vibração praticamente
expulsa o sangue dos capilares por ela atingidos).
FRIO - ambientes com baixa temperatura aceleram o aparecimento das lesões
em função da VASOCONSTRIÇÃO
periférica (o sangue se desloca da superfície do corpo, em direção dos órgãos
centrais, como o coração). Pouco irrigados, os tecidos e músculos da periferia
tendem a um estado de dor e tensão,
pressionando bainhas e tendões e estrangulando a passagem destes entre os
ossos.
TENSÃO PROVOCADA POR FATORES
ORGANIZACIONAIS - a empresa pode
pressionar psicologicamente seus funcionários, aumentando o ritmo de trabalho,
eliminando pausas de repouso, diminuindo o número de funcionários numa seção,
restringindo o uso de sanitários, etc. Tais fatores aumentam o aparecimento de
dor no corpo das pessoas, por INSATISFAÇÃO,
o que resulta na eliminação da liberação de substâncias analgésicas naturais,
encontradas no líquido encefálico. A ausência de pausas, nas quais poderia
ocorrer uma recuperação dos tecidos mais solicitados no trabalho, acelera o
processo de lesionamento de tais tecidos.
SEXO FEMININO - há uma predisposição de que as mulheres desenvolvam
com mais facilidade as lesões do que os homens (77% da população
brasileira acometida por DORTs no Brasil é de mulheres). Tal
característica está relacionada à menor resistência verificada nos músculos,
ligamentos e tendões do organismo feminino, acrescida de alterações hormonais
profundas (gravidez, pílula, por exemplo) e também em função da sobrejornada cumprida em casa,
representada pelos afazeres domésticos (lavar e torcer roupas, esfregar pisos,
carregar crianças no colo, etc.).
6)
DOENÇAS - FASES
Qualquer que seja o DORT
que a pessoa venha a manifestar, sempre apresentará quatro fases distintas, que
demonstram a evolução (piora) do quadro clínico:
FASE II - a dor é em geral mais persistente e intensa e aparece durante a jornada de trabalho de forma intermitente. É tolerável e permite o desempenho das funções laborais, mas já com reconhecida redução de produtividade nos períodos de exacerbação. A dor torna-se mais localizada e pode estar acompanhada de parestesia* e calor, além de leves distúrbios de sensibilidade. Pode haver uma irradiação definida, sendo a recuperação em geral mais demorada. Ocasionalmente pode aparecer quadro doloroso fora do ambiente de trabalho, durante atividades domésticas e ou sociais. O prognóstico é favorável.
FASE III - a dor torna-se persistente, mais forte e com irradiação mais definida. O repouso em geral só atenua a intensidade da dor. São freqüentes a perda de força muscular e parestesias. Há sensível queda de produtividade e pode surgir impossibilidade de exercer as funções laborais. Os sinais clínicos estão presentes, com edema freqüente e hipertonia muscular constante. Ocorrem alterações de sensibilidade e força. Aparecem quadros com comprometimento neurológico compressivo. Neste estágio o retorno às atividades laborais é problemático. O prognóstico é reservado.
FASE IV - a dor é forte, intensa e contínua, por vezes insuportável, levando o paciente a intenso sofrimento. Os movimentos acentuam consideravelmente a dor, que em geral se irradia por todo o membro afetado. A perda de força muscular e a perda dos movimentos se fazem presentes. As atrofias**, principalmente dos dedos, são comuns. A capacidade laboral é anulada e a invalidez se caracteriza. Neste estágio são comuns alterações psicológicas com quadros de depressão, ansiedade e angústia.
* parestesia = sensações involuntárias manifestadas na pele, como queimação, dormência, coceira.
** atrofia = os músculos definham, há perda de movimentos, a pele fica sem elasticidade.
7)
DOENÇAS - TIPOS
Diversos
são os tipos de DORTs reconhecidos pelo governo federal. A partir da publicação
do Decreto 3.048, de 06 de maio de 1.999
(Regulamento da Previdência Social),
foi apresentada uma ampla lista de doenças relacionadas ao trabalho e, dentre
elas, diversos DORTs, como a seguir veremos:
DOENÇAS DO SISTEMA OSTEOMUSCULAR E DO TECIDO CONJUNTIVO,
RELACIONADAS COM O TRABALHO - (Grupo
XIII da CID-10)
DOENÇAS
|
AGENTES ETIOLÓGICOS OU FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL
|
III - Outras Artroses (M19.-)
|
Posições forçadas e gestos
repetitivos (Z57.8)
|
IV - Outros transtornos articulares não classificados em
outra parte: Dor Articular (M25.5)
|
1. Posições forçadas e gestos repetitivos
(Z57.8)
2. Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7)
(Quadro XXII)
|
V - Síndrome Cervicobraquial (M53.1)
|
1. Posições forçadas e gestos repetitivos
(Z57.8)
2. Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7)
(Quadro XXII)
|
VI - Dorsalgia (M54.-): Cervicalgia (M54.2); Ciática
(M54.3); Lumbago com Ciática (M54.4)
|
1. Posições forçadas e gestos repetitivos
(Z57.8)
2. Ritmo de trabalho penoso (Z56.3)
3. Condições difíceis de trabalho (Z56.5)
|
VII - Sinovites e Tenossinovites (M65.-): Dedo em Gatilho
(M65.3); Tenossinovite do Estilóide Radial (De Quervain) (M65.4); Outras
Sinovites e Tenossinovites (M65.8); Sinovites e Tenossinovites, não
especificadas (M65.9)
|
1. Posições forçadas e gestos repetitivos
(Z57.8)
2. Ritmo de trabalho penoso (Z56.3)
3. Condições difíceis de trabalho (Z56.5)
|
VIII - Transtornos dos tecidos moles relacionados com o
uso, o uso excessivo e a pressão, de origem ocupacional (M70.-): Sinovite
Crepitante Crônica da mão e do punho (M70.0); Bursite da Mão (M70.1); Bursite
do Olécrano (M70.2); Outras Bursites do Cotovelo (M70.3); Outras Bursites
Pré-rotulianas (M70.4); Outras Bursites do Joelho (M70.5); Outros transtornos
dos tecidos moles relacionados com o uso, o uso excessivo e a pressão
(M70.8); Transtorno não especificado dos tecidos moles, relacionados com o
uso excessivo e a pressão (M70.9)
|
1. Posições forçadas e gestos repetitivos
(Z57.8)
2. Ritmo de trabalho penoso (Z56.3)
3. Condições difíceis de trabalho (Z56.5)
|
IX - Fibromatose da Fascia Palmar: "Contratura ou
Moléstia de Dupuytren" (M72.0)
|
1. Posições forçadas e gestos repetitivos
(Z57.8)
2. Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7)
(Quadro XXII)
|
DOENÇAS
|
AGENTES ETIOLÓGICOS OU FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL
|
X - Lesões do Ombro (M75.-): Capsulite Adesiva do Ombro
(Ombro Congelado, Periartrite do Ombro) (M75.0); Síndrome do Manguito
Rotatório ou Síndrome do Supraespinhoso (M75.1); Tendinite Bicipital (M75.2);
Tendinite Calcificante do Ombro (M75.3); Bursite do Ombro (M75.5); Outras Lesões
do Ombro (M75.8); Lesões do Ombro, não especificadas (M75.9)
|
1. Posições forçadas e gestos repetitivos
(Z57.8)
2. Ritmo de trabalho penoso (Z56)
3. Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7)
(Quadro XXII)
|
XI - Outras entesopatias (M77.-): Epicondilite Medial
(M77.0); Epicondilite lateral ("Cotovelo de Tenista"); Mialgia
(M79.1)
|
1. Posições forçadas e gestos repetitivos
(Z57.8)
2. Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7)
(Quadro XXII)
|
XII - Outros transtornos especificados dos tecidos moles
(M79.8)
|
1. Posições forçadas e gestos repetitivos
(Z57.8)
2. Vibrações localizadas (W43.-; Z57.7)
(Quadro XXII)
|
XVIII - Doença de Kienböck do Adulto (Osteo-condrose do
Adulto do Semilunar do Carpo) (M93.1) e outras Osteocondro-patias
especificadas (M93.8)
|
Vibrações localizadas (W43.-;
Z57.7) (Quadro XXII)
|
DOENÇAS DO SISTEMA
NERVOSO RELACIONADAS COM O TRABALHO - (Grupo VI da CID-10)
DOENÇAS
|
AGENTES ETIOLÓGICOS OU FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL
|
VIII -Transtornos do plexo braquial
(Síndrome da Saída do Tórax, Síndrome do Desfiladeiro Torácico) (G54.0)
|
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8)
|
IX - Mononeuropatias dos Membros
Superiores (G56.-): Síndrome do Túnel do Carpo (G56.0); Outras Lesões do
Nervo Mediano: Síndrome do Pronador Redondo (G56.1); Síndrome do Canal de
Guyon (G56.2); Lesão do Nervo Cubital (ulnar): Síndrome do Túnel
Cubital(G56.2); Lesão do Nervo Radial (G56.3); Outras Mononeuropatias dos
Membros Superiores: Compressão do Nervo Supra-escapular (G56.8)
|
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8)
|
X - Mononeuropatias do membro
inferior (G57.-): Lesão do Nervo Poplíteo Lateral (G57.3)
|
Posições forçadas e gestos repetitivos (Z57.8)
|
RELAÇÃO EXEMPLIFICATIVA ENTRE O TRABALHO E ALGUMAS
PATOLOGIAS
ORDEM DE SERVIÇO 606 DO MPAS - 05/08/98
LESÕES
|
CAUSAS OCUPACIONAIS
|
EXEMPLOS
|
Bursite do cotovelo
(olecraniana)
|
Compressão do cotovelo
contra superfícies duras.
|
Apoiar o cotovelo em mesas.
|
Contratura de fáscia palmar
|
Compressão palmar associada
à vibração.
|
Operar compressores
pneumáticos (marteletes).
|
Dedo em Gatilho (Veja Prancha
01 – pg. 23)
|
Compressão palmar associada
à realização de força.
|
Apertar alicates e
tesouras.
|
Epicondilites do Cotovelo
(Veja a Prancha 04 – pg. 26)
|
Movimentos com esforços
estáticos e preensão prolongada de objetos, principalmente com o punho
estabilizado em flexão dorsal e nas pronossupinações com utilização de força.
|
Apertar parafusos,
desencapar fios, tricotar, operar motosserra.
|
Síndrome do Canal Cubital*
|
Flexão extrema do cotovelo
com ombro abduzido. Vibrações.
|
Apoiar cotovelo em mesa.
|
RELAÇÃO EXEMPLIFICATIVA
ENTRE O TRABALHO E ALGUMAS PATOLOGIAS
ORDEM DE SERVIÇO 606 DO MPAS - 05/08/98
LESÕES
|
CAUSAS OCUPACIONAIS
|
EXEMPLOS
|
Compressão da borda ulnar
do punho.
|
Carimbar.
|
|
Síndrome do Desfiladeiro
Toráxico (Veja Prancha 05 – pg. 27)
|
Compressão sobre o ombro,
flexão lateral do pescoço, elevação do braço.
|
Fazer trabalho manual sob
veículos, trocar lâmpadas, pintar paredes, lavar vidraças, apoiar telefones
entre o ombro e a cabeça.
|
Síndrome do Interósseo
Anterior
|
Compressão da metade distal
do antebraço.
|
Carregar objetos pesados
apoiados no antebraço.
|
Síndrome do Pronador
Redondo
|
Esforço manual do antebraço
em pronação.
|
Carregar pesos, praticar
musculação, apertar parafusos.
|
Síndrome do Túnel do Carpo
(Veja Prancha 03 – pg. 25)
|
Movimentos repetitivos de
flexão, mas também extensão com o punho, principalmente se acompanhados por
realização de força.
|
Digitar, fazer montagens
industriais, empacotar.
|
Tendinite da Porção Longa
do
Bíceps
|
Manutenção do antebraço
supinado e fletido sobre o braço ou do membro superior em abdução.
|
Carregar pesos.
|
Tendinite do
Supra-Espinhoso (Veja a Prancha 04 – pg. 26)
|
Elevação com abdução dos
ombros associada à força.
|
Carregar pesos sobre o
ombro, jogar vôlei ou peteca.
|
Tenossinovite de De Quervain
(Veja Prancha 02 – pg. 24)
|
Estabilização do polegar em
pinça seguida de rotação ou desvio ulnar do carpo, principalmente se
acompanhado de realização de força.
|
Torcer roupas, apertar
botão com o polegar.
|
Tenossinovite dos
extensores dos dedos (Veja Prancha 02 – pg. 24)
|
Fixação antigravitacional
do punho.
Movimentos repetitivos de
flexão e extensão dos dedos.
|
Digitar, operar mouse. Empacotar.
|
* Síndrome do canal cubital: É a
compressão do nervo ulnar ao nível do túnel cubital. Quando o cotovelo
progressivamente fletido e o ombro abduzido, há um aumento da pressão
intraneural estimulando os flexores que estreitam o túnel em aproximadamente
55%, achatando e alongando o nervo cubital em quase 5 mm. Traumas agudos, processos
degenerativos e infecciosos, anomalias musculares, tumores de partes moles,
sequelas de fraturas, esforços de preensão e flexão, ferramentas inadequadas e
vibrações são as causas predisponentes mais comuns. Mais uma vez, o diagnóstico
é essencialmente clínico.
8)
PREVENÇÃO
Um
programa de prevenção das Lesões por Esforços Repetitivos em uma empresa
inicia-se pela criteriosa identificação dos fatores de risco (descritos
anteriormente) presentes na situação de trabalho. A cada situação corresponde
um conjunto de medidas de controle específicas, evitando o surgimento e a
progressão da doença.
A
Norma Regulamentadora 17 do Ministério do Trabalho estabelece que compete ao empregador
realizar a Análise Ergonômica do Trabalho, para avaliar a adaptação das
condições laborais às características psicofisiológicas do trabalhador. As
medidas de controle a serem adotadas envolvem o dimensionamento adequado do
posto de trabalho, os equipamentos e as ferramentas, as condições ambientais e
a organização do trabalho.
No
dimensionamento do posto de trabalho, deve-se avaliar as exigências a que está
submetido o trabalhador (visuais, articulares, circulatórias, antropométricas,
etc.) e as exigências que estão relacionadas com a tarefa, ao material e à
organização da empresa. Por exemplo, deve-se adequar o mobiliário e os
equipamentos de modo a reduzir a intensidade dos esforços aplicados e corrigir
posturas desfavoráveis, valorizando a alternância postural (flexibilidade).
Sabe-se
que os confortos térmico, visual e acústico favorecem a adoção de gestos de
ação, observação e comunicação, garantindo o cumprimento da atividade com menor
desgaste físico e mental, e maior eficiência e segurança para os trabalhadores.
Veremos em detalhes a abordagem postural dos trabalhadores na Aula 4.
Quanto
à organização do trabalho, deve-se permitir que o trabalhador possa agir
individual e coletivamente sobre o conteúdo do trabalho, a divisão das tarefas,
a divisão dos homens e as relações que mantêm entre si. A divisão das tarefas
vai do seu conteúdo ao modo operatório e ao que é prescrito pela organização do
trabalho.
A
Norma Regulamentadora 17 estabelece que nas atividades que exijam sobrecarga
muscular estática ou dinâmica do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e
inferiores, a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o
seguinte:
a)
todo sistema de avaliação de desempenho para efeito de remuneração e vantagens
de qualquer espécie deve levar em consideração as repercussões sobre a saúde
dos trabalhadores;
b)
devem ser incluídas pausas de descanso.
O
resultado do programa de prevenção depende da participação e compromisso dos
diferentes profissionais da empresa: trabalhadores, supervisores, cipeiros,
engenheiros e técnicos de segurança do trabalho, médico do trabalho, gerentes e
diretores.
Os
dois programas obrigatórios previstos desde 1.994 pelo MTE também devem estar
integrados à Análise Ergonômica do Trabalho: o PCMSO (exames
médicos) e o PPRA (identificação de riscos, adoção de medidas de
controle). A Nota Técnica 060/01 do MTE deverá ser consultada em
conjunto com a NR 17 (estes dois diplomas legais se encontram no final
da apostila).
PEQUENO GLOSSÁRIO:
Compressão do nervo mediano – Inflamação que envolve músculos e tendões contíguos ao
nervo mediano, que passa a ser pressionado.
Epicondilite
medial – Inflamação de fáscias,
tecidos sinoviais e tendões na região dos músculos flexores do carpo (punho) no
cotovelo.
Epicondilite
lateral – Inflamação de fáscias,
tecidos sinoviais e tendões na região dos músculos extensores do carpo (punho)
no cotovelo.
Pronação – Posição na qual o antebraço permanece na posição horizontal, com a palma da mão voltada para baixo. Os dedos podem estar abertos
ou fechados. Ver ilustração ao lado "b".
Síndrome
do Pronador Redondo – ocorre pela
compressão do nervo mediano abaixo da prega do cotovelo, com dor na região
proximal do antebraço e nos três primeiros dedos.
Sinovite – Inflamação de tecidos sinoviais.
Supinação - Posição na qual o antebraço permanece na posição horizontal, com a palma da mão voltada para cima. Os dedos podem estar abertos
ou fechados. Ver ilustração ao lado "a".
PRANCHA 02: DOENÇA De Quervain (A)
TENOSSINOVITE DOS EXTENSORES
DOS DEDOS (B)
1. Retináculo da articulação do carpo 2. Bainhas sinoviais dos
tendões extensores
3. Tendão abdutor do polegar 4. Tendão extensor do polegar
5. Tendões extensores dos dedos
PRANCHA 03:
SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO
1. Nervo Mediano 2. Retináculo da articulação
do carpo
PRANCHA 04: TENDINITE DO MÚSCULO SUPRA-ESPINHOSO
(A)
EPICONDILITE
(B)
Tendão do músculo supra-espinhoso; 2. Epicôndilo lateral;
PRANCHA 05:
SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁXICO
1.
tendões do desfiladeiro 2.
clavícula;
3.
artéria; 4.
veia.
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